No turbilhão incessante de minhas águas emocionais, tenho tentado, inutilmente, me lembrar o momento exato em que escolhi tomar a pílula azul - aquela mesma do filme Matrix.
Inutilmente, pois, acredito agora, que não foi um momento: não apertei um botão, não virei uma chave, não chutei um balde. Não foi assim, uma coisa pontual. Foi uma teia, uma trama, ou,, como o mestre nos diz, uma espiral de momentos correlacionados que foram me direcionando para onde me encontro agora. Em ondas.
E é em ondas que vamos sendo preparados, paulatinamente, para despertar. Este despertar precisa acontecer lentamente pois, de outro modo, não aguentaríamos.
Como entrar em um mar gelado, há de se ter coragem. Primeiro molhamos as mãos, a nuca e nos preparamos para o choque, que sabemos estar próximo. E, assim como em um mergulho gelado, há realmente um desconforto. Nosso corpo precisa se adaptar. E,a medida que nos entregamos, de certa forma,nos acostumamos as novas temperaturas.
O mergulho no infinito azul de nós mesmos não é confortável. Abrimos mão da segurança de nossa própria temperatura para nos fundir ao todo. Desaparecer no oceano.
E, hoje, posso dizer por experiência própria, que, apesar de, às vezes, nos acharmos acostumados, a cada mergulho, as águas se tornam mais geladas e mais profundas.
Não há um fim entre nossas questões, padrões, construções e o infinito azul de Deus.
E, apesar de nos acostumarmos ao processo, por vezes, nos falta o fôlego. É quando o medo nos inunda novamente, e volta a nos surpreender.
A cada onda, nos aprofundamos. E, quando pensamos ter alcançado algum ponto de conforto, somos puxados novamente ao fundo, em um movimento sem fim.
Ouvindo hoje um dos hinários, um mistura de emoções me inundou (sem trocadilhos). Procuro escutar as palavras dos mestres - prática que se iniciou junto com meus acessos aos Registros Akáshicos. Palavra do mestre: - Você buscou por isso, este é o preço.
Hoje, procurando me acostumar às mais novas temperaturas, me faltou o ar.
Aos corajosos que, como eu, buscam a iluminação:somos nós quem pedimos, estudamos, nos esforçamos e, a cada onda, nos deparamos com as sensações de pré morte dos novos desafios pessoais.
Novos e infinitos desapegos que nos deixam novamente com o corpo gelado e a boca salgada.
Aos corajosos que, como eu, estão nos processos glaciais sem fim, lhes digo, com certeza, que só o que nos mantém vivos e aquecidos, entre um mergulho e outro, é o calor dos abraços do irmão.
Livia Burity
10/09/2018
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